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Como reconhecer na criança pequena?
Podemos começar a entender o autismo por sua dificuldade central: a social. Os bebês humanos nascem com uma habilidade espontânea de perceber, entender e participar do mundo social. Não é preciso ensinar o bebê a sorrir quando eu sorrio para ele; a apontar o que deseja; a mostrar brinquedos aos pais; a chamar “mamãe” e “papai”. Mas o nosso bebê autista precisa ser ensinado.
O nosso bebê de 12 meses apresenta falhas em algum ponto do processo de desenvolvimento da interação social. Estas falhas podem variar desde o bebê muito isolado que não olha nos olhos, não atende ao próprio nome, não aponta com o dedo indicador nem fala, até aquele outro bebê que faz tudo isso, mas não “puxa conversa”. Ele talvez aponte o que deseja, mas não aponta os interesses. E se aponta interesses, são sempre os mesmos interesses, bem específicos.
Este último caso, o mais sutil, pode parecer ao familiar ou profissional inexperiente, uma dificuldade inexpressiva, sem consequências. Pois saiba que no desenvolvimento humano, uma habilidade é precursora de duas, essas duas de mais quatro, essas quatro de mais tantas e assim por diante. E assim, a criança com essa dificuldade inicial em compartilhar interesses diversos, se tornará aquele menino que só fala de trens, ou ônibus, ou futebol, ou dinossauro, e quando a outra criança muda de assunto, ele mal ouve e volta ao seu interesse restrito. A outra criança se afasta. E o nosso menino se pergunta porquê será...
Uma das maiores angústias dos pais se revelam nas perguntas: “meu filho vai falar?” ou “meu filho não conversa comigo” ou “ele só fala quando quer”.
Antes de falarmos sobre linguagem é preciso esclarecer que para a fonoaudiologia “fala” é o ato motor, em que utilizamos os músculos da face e da boca para falar, e “linguagem” é a compreensão do que as pessoas falam ou escrevem e a expressão do pensamento em palavras.
Tanto a linguagem quanto a fala podem estar prejudicadas no autismo. Ou nenhuma das duas. No entanto há uma dificuldade mais abrangente, anterior: a comunicação. A comunicação está sempre alterada no autismo, pois é uma habilidade social. Como no caso da criança que ama os dinossauros, sabe tudo sobre eles, é capaz de falar “triceráptor”, mas não percebe que nem sempre é adequado falar tudo o que sabe sobre eles.
Como você já deve ter notado, a dificuldade de comunicação e de entender as regras sociais levam a pessoa autista a ter dificuldade em fazer amigos. Em especial da mesma idade. Porque a criança mais velha e o adulto tendem a facilitar a interação, ensinar. A criança mais nova pode ser levada a brincar ou falar do que a mais velha (no caso, nosso autista) quer, mas a da mesma idade...não!